EXERCÍCIOS TERAPÊUTICOS
Após a diminuição da dor e dos processos inflamatórios chega o momento de iniciar os exercícios. Os exercícios terapêuticos terão o objetivo de encorajar e aumentar o uso do membro, melhora da flexibilidade articular, redução da claudicação, aumento de força e massa muscular e prevenção de lesões futuras.
Os exercícios serão iniciados com o auxílio do terapeuta e posteriormente serão indicados para continuação em casa. Existem diversas modalidades a serem exploradas, exercícios de caminhada, corrida, exercícios de equilíbrio e balanço com auxílio de bola e pranchas, exercícios aquáticos, etc..
Exercícios de sustentação
Este exercício está indicado para pacientes que não conseguem ficar sozinhos em estação. Indicado em situações de enfermidades pélvicas graves ou doenças neurológicas.
Coloca-se o animal em pé, com as quatro patas apoiadas no chão, apoiando o peso com o auxílio de uma cinta ou toalha, aos poucos o terapeuta deve ir aliviando o apoio para que o animal tente apoiar-se sozinho. É indicado de 10-15 repetições de 3 a 4 vezes ao dia, até que o animal tenha capacidade de se sustentar sem auxílio.
Exercícios de equilíbrio e balanço
Os exercícios de equilíbrio e balanço estão indicados para todos os pacientes que já estão na fase de exercícios, principalmente para os que tem déficit proprioceptivo ou incoordenação. Estes exercícios podem ser feitos em solo, para iniciantes, ou com auxílio de pranchas e bolas, para nível mais avançado.
Tem como objetivo estimular o equilíbrio do paciente e auxiliar o paciente para que mova o seu centro de massa para diferentes membros.
Inicia-se com o animal em pé, com as quatro patas no chão, se desloca o corpo dele com movimentos lateralmente para que o mesmo tente se equilibrar. Caso o exercício seja fácil para o paciente vamos aumentando a dificuldade, o mesmo pode ser feito sobre pranchas e bolas. Exercícios em círculo, zigui-zague , em “8”, pranchas e bolas são utilizados com o mesmo objetivo.
Na imagem paciente canino executando exercício de equilíbrio na bola com deslocamento de massa para trás
Na imagem paciente canino executando exercício de equilíbrio na bola com deslocamento de massa para frente
Na imagem paciente canino fazendo contração de membro pélvico esquerdo e iniciando o deslocamento de massa para o lado direito
Vista frontal- Na imagem paciente canino realizando exercicio em zig-zag, realizando a contração do membro anterior direito e pélvico esquerdo.
Na imagem paciente canino executando exercício de equilíbrio em maior grau de dificuldade, com auxílio de petisco desloca-se o centro de massa para as laterais e ao mesmo tempo alonga pescoço e musculaturas adjacentes.
Na imagem paciente executando exercício de equilibro sobre a bola.
Exercícios senta | levanta
Existem muitas técnicas de alongamentos, iremos abordar a técnica de alongamento estático, sendo a técnica mais comumente aplicada em animais.
É recomendado o uso de alongamentos em pacientes que ficam por longos períodos sem movimentar-se como em casos de internação, talas e bandagens, contraturas musculares e pacientes com restrição de movimentos decorrentes de doenças crônicas como na osteoartrose.
Para o alongamento de membros deve-se colocar o animal em decúbito lateral, posicionar as mãos, uma próxima a articulação no osso proximal e a outra no osso distal, aplica-se uma leve pressão a fim de alongar as fibras musculares, ligamentos e tendões, até o limite suportável para o paciente. A pressão deve ser mantida por 10-20 segundos e deve-se repetir o processo por 4-5 vezes. Para um bom resultado recomenda-se sessões de alongamento de 3 a 4 vezes por semanas e em alguns casos há indicação de repetições diárias.
Obstáculos
Os obstáculos podem ser confeccionados com o auxílio de cones e cavaletes ou comprados prontos e devem ter altura regulável. São úteis para forçar o paciente a alongar o passo, melhorar flexão e extensão das articulações e recuperar a propriocepção e coordenação. Quanto mais elevadas forem as barras, maior será a flexão/extensão das articulações. Devemos iniciar com altura mais baixas e ir aumentando gradativamente.
Na imagem paciente canino executando exercício com auxilio de cavalete. Nota-se a flexão do membro torácico esquerdo (figura a esquerda) e flexão de membro pélvico direito (figura a direita)
Dança
Imagem de paciente canina executando exercício de dança para fortalecimento de membros pélvicos
O Exercicio de dança pode ser executado em animais que já estão em um nível avançado da reabilitação ou em animais saudáveis que desejam melhora da qualidade muscular de membros pélvicos.
Segura-se o paciente pelos cotovelos ou na extensão da ulna e eleva-se os membros torácicos do chão, os membros torácicos ficarão suspensos distribuindo o peso para os membros pélvicos. Após o paciente se adaptar com a situação começa-se movimentos lentos para frente e para trás, 3 ou 4 passos são o suficiente, simulando uma dança.
Deve-se começar levantando o animal em uma pequena altura do chão, aumentando posteriormente, quando mais alto se eleva os membros torácicos, maior o grau de dificuldade.
Neste exercício trabalhamos principalmente a força muscular e equilíbrio e ao mesmo tempo que trabalhamos a musculatura, alongamos a região do ilipsoas, região muito afetada em animais com displasia coxofemoral, que evitam fazer a extensão do quadril.
Exercício de carrinho de mão
O exercício de carrinho de mão irá ter a mesma função que o exercício de dança, no entanto é utilizado para membros torácicos, promovendo a extensão do ombro e fortalecimento de membros torácicos. Deve ser realizado em etapas avançadas de tratamento ou para animais sem lesões graves.
Para realizar este exercício eleva-se os membros pélvicos do paciente, diversos autores relatam que a suspensão deve ser feita pela região inguinal, entretando, pacientes de médio e grande porte e/ou que tenham qualquer desconforto na região do quadril podem expressar desconforto durante o movimento. Uma alternativa para a execução do exercício principalmente para pacientes mais pesados, é suspensão dando suporte ao paciente pelo joelho, com o mesmo flexionado.
Diferente do exercício de dança, neste exercício desloca-se o paciente somente para frente, e a altura está diretamente relacionada com o grau de dificuldade que se quer alcançar.
Paciente canino realizando o exercício de carrinho mão, neste paciente optou-se pela elevação dos membros pélvicos com apoio na região dos joelhos.
Hidroterapia
A hidroterapia consiste na utilização da água como método de terapia, a mesma está indicada para diversas enfermidades onde temos como objetivo o retorno precoce a atividades, fortalecimento muscular e o aumento de amplitude de movimento.
Para estabelecer um bom tratamento utilizando terapias aquáticas, é necessário que compreendamos as propriedades físicas da água e a forma que ela influência sobre os nossos movimentos. São propriedades físicas da água a densidade relativa, flutuabilidade, pressão hidrostática, viscosidade e tensão superficial.
-A densidade relativa é dependente da composição dos objetos. A gravidade especifica da água é 1. Se a gravidade específica de um objeto for maior que 1, o mesmo tende a afundar. A gravidade especifica da gordura é de cerca de 0,8, enquanto de uma massa muscular é de 1,5. Sendo assim, animais mais musculosos tendem a afundar mais, enquanto animais obesos tendem a flutuar.
- Flutuabilidade é a força experimentada como um impulso para cima, que atua em direção oposta a força da gravidade. Quando o corpo está imerso na água está sujeito as forças da gravidade e da flutuabilidade. Esta relação é que nos faz decidir em que nível de água chegar. Por exemplo, conseguimos aliviar o peso em 62% quando temos água até a altura do trocânter maior, 15 % no côndilo femoral e 9% no maléolo lateral.
Nas imagens paciente da raça Golden Retriver executando exercício em esteira aquática, com água na altura do maléolo lateral, côndilo femoral e do trocânter maior, respectivamente.
-Pressão hidrostática é a soma de toda pressão exercida sobre todas as superfícies de um corpo imerso na água. A pressão é diretamente proporcional à profundidade da parte imersa e à densidade da água, assim sendo, a pressão irá aumentar em profundidades mais profundas e águas mais densas(salgadas), sendo assim, o fluxo sanguíneo periférico nas extremidades irá diminuir em águas profundas, nos ajudando a reduzir edemas.
-Viscosidade é a resistência da água sobre o movimento. Esta viscosidade é inversamente proporcional à temperatura da água, sendo assim, quando mais aquecida a água, maior a facilidade do movimento.
-Tensão superficial é a força exercida entre as moléculas superficiais do fluido. A resistência ao movimento será maior na superfície devido a maior coesão entre as moléculas, por este motivo, quando colocamos o animal para caminhar na água, a força dele será muito maior se o mesmo tiver que tirar e colocar o membro de dentro da água.
As terapias aquáticas tem diversos benefícios como a redução do risco de lesões musculares e ligamentares pela diminuição do impacto sobre os mesmos e sobre as articulações, previne a atrofia muscular e nos auxilia no ganho de massa muscular, aumenta a amplitude de movimento diminuindo a rigidez articular, melhora o condicionamento físico, auxilia na perda de peso, fortalecimento do core auxilia na redução de edemas com auxílio da pressão hidrostática, aumenta o fluxo sanguíneo dos membros, diminui dor em processos crônicos e permite que o animal volte precocemente à atividades após traumas.
Dentro da hidroterapia, as modalidades mais utilizadas nos dias de hoje são a esteira aquática e a natação. Na hidro esteira temos um maior controle sobre o paciente, indicado no início dos tratamentos de reabilitação, onde controlamos a velocidade e dificuldade do exercício podendo ser acentuado com auxilio de boias e pesos. Na natação, a força exercida sobre os membros é maior, principalmente em pacientes que não estão acostumados com a agua, para diminuir a dificuldade podemos fazer uso de coletes.
Na imagem paciente executando exercícios de natação com auxilio de boia.
Na imagem paciente executando hidro esteira com inclinação, aumentando o grau de dificuldade do exercício.
Está contraindicada para pacientes com pânico de água, com problemas de pele e feridas abertas pelo risco de contaminação, feridas cirúrgicas não cicatrizadas, dificuldade respiratória, doenças contagiosas ou qualquer enfermidade que o deixe em estado crítico ou delicado.
Importante: Antes de colocar o paciente na água, devemos levar em consideração todos os favores que irão influenciar na execução do movimento. Para montar um protocolo quanto à duração e frequência do exercício é necessário levar em consideração todos os itens citados anteriormente, como também a condição física e dificuldade do paciente.