ENTENDA
A OSTEOATROSE
Se você é veterinário ou tutor de um animal com osteoartrose, deve ser capaz de entender o mecanismo de ação desta doença progressiva. Descrevemos neste programa informações importantes para que você compreenda as etapas que ocorrem nas fases de desenvolvimento da doença, podendo assim identificar precocemente as alterações e manejar o paciente da melhor forma possível.
ESTÁGIOS DA OSTEOARTROSE
A osteoartrose é caracterizada por uma doença progressiva, silenciosa e que consiste em quatro estágios de desenvolvimento. (Figura 1) .

Figura 1: Evolução dos estágios da degeneração articular comparada a imagem saudável
Estágio 1: pequenas lesões ósseas começam a se desenvolver. A matriz da cartilagem começa a quebrar devido ao metabolismo de condrócitos sendo afetado e aumentando a produção de enzimas destruidoras de matrizes, as metaloproteinases (MMP). A severidade das lesões da cartilagem pode ser correlacionada com os níveis de colagenase presentes. As lesões de cartilagem prejudicam sua função, aumentando o atrito e a inflamação nas articulações, o que resulta em dor.
Estágio 2: considerado como estágio “leve”, esta fase envolve a erosão do osso devido as lesões da cartilagem. Isso pode causar um novo crescimento ósseo, denominado osteófito, que afeta o movimento padrão. Nesta fase, os proteoglicanos e os fragmentos de colágeno são liberados no fluido sinovial. A perda dos proteoglicanos da cartilagem articular é irreversível e resulta em degeneração da articulação.
Estágio 3: considerada a fase “moderada”, na qual a cartilagem entre os ossos degenera e perde o amortecimento. O espaço entre os ossos também estreita, causando a compressão entre os ossos subcondrais adjacentes. Durante essa fase, os sintomas se agravam e inicia-se um processo inflamatório, ocorrendo a produção de macrófagos sinoviais, incluindo MMP, citocinas (interleucina 1) e fator de necrose tumoral (TNF). Uma vez que os macrófagos sinoviais são produzidos estes podem destruir os tecidos por difundir-se de volta para a cartilagem e também podem estimular condrócitos.
Estágio 4: considerada a fase “severa”, apresenta uma diminuição drástica do espaço comum, em associação a redução da mobilidade. Nesta fase, a cartilagem está praticamente desaparecendo.
A OA parece ser mecanicamente conduzida, mas quimicamente mediada por meio de tentativas endógenas de reparo desse sistema. Portanto, o processo inflamatório está diretamente relacionado com o processo degenerativo articular. A degradação e a síntese de componentes da matriz da cartilagem estão relacionadas com a liberação de mediadores por condrócitos, ligamentócitos (fibroblastos) e sinoviócitos, incluindo as citocinas, interleucina (Il)-1 β, fator de necrose tumoral (TNF), óxido nítrico, prostaglandinas (PG), ciclo-oxigenase 2 (COX2) e fatores de crescimento. Esses mediadores desenvolvem a sinovite, diminuem a síntese de colágeno e levam consequentemente a artrite inflamatória. As citocinas pró-inflamatórias, sintetizadas tanto na cartilagem como na sinóvia, potencializam a cascata de substâncias biologicamente ativas que contribuem para a degradação da articulação. (Figura 2)

Figura 2: Diagrama evidenciando a cascata de eventos decorrentes do trauma articular.